sábado, 19 de junho de 2010

Dois – Polígrafo

Rafael acordou mais cedo que o habitual naquela manhã, com uma brutal sensação de cansaço – sem mencionar que sua ereção matinal estava duas vezes mais intensa. Antes de sair do quarto, vestiu apenas a cueca e a camisa para disfarçar e foi para o andar debaixo. Logo na cozinha, ouviu o barulho do chuveiro, vindo do banheiro social. O único que usava aquele banheiro era o irmão, cujo quarto era também no primeiro andar. Mas não custava confirmar.

Foi à cozinha e viu a mãe, ainda de camisola clara, cabelo amarrado e rosto amarrotado, começando a preparar o café.

- Bom dia, mãe.

- Bom dia, filho – Sueli disse, surpresa – O que está fazendo a essa hora fora da cama?

- Preciso falar com o Alex. Meu computador começou a dar problema. Queria que ele desse uma olhada.

- Ele está no banho.

Rafael se virou para ir ao banheiro, quando sua mãe o chamou:

- Que horas seu computador deu problema, Rafael?

Rafael hesitou, levantando uma sobrancelha. “Ferrou!”

- Você foi dormir antes do seu irmão, porque não pediu pra ele antes de deitar? – Sueli disse, farejando alguma coisa no ar.

Rafael sabia que não jamais conseguiria mentir para a mãe, ela era quase um polígrafo ambulante. Nem ele nem Alex jamais foram capazes de enganá-la. No entanto, mesmo sabendo que seria quase impossível mentir para Sueli, o instinto de Rafael as vezes dizia que era a única coisa a ser feita.

- Eu – gaguejou – Não falei nada ontem justamente porque não faria diferença; não teria como ele arrumar ontem mesmo.

- E você preferiu acordar quarenta minutos antes do necessário só pra pedir a ajuda dele, enquanto podia ter feito isso antes de ir dormir?...

- Foi – ele respondeu, completamente descrente que fosse convencê-la de que tinha sido aquilo que acontecera.

Ela colocou virou o bule de café e deixou o líquido escuro e quente cair na garrafa térmica pelo, e a fumaça de cheiro forte logo encheu a cozinha.

- O que eu já falei sobre computadores ligados de madrugada? – Sueli disse.

- Eu sei, mãe. Desculpa. – Rafael disse, envergonhado, pensando o que a mãe acharia se soubesse que tinha passado a madrugada se masturbando enquanto via pornografia gay na internet. Pior: o que faria?

- Tudo bem. – ela disse, sem se importar muito nem com a mentira nem com o fato de ficar acordado de madrugada no computador. Ela confiava na responsabilidade do filho; e mentir, bem... que adolescente não mente? - Fala com seu irmão, e dorme mais um pouco, daqui a pouco eu te chamo.

Rafael nem disse nada, para não complicar sua situação. Simplesmente se virou e bateu na porta do banheiro social, que ficava no curto corredor, entre a cozinha e a sala. Ele bateu na porta e chamou o irmão.

- Alex!

- Pode entrar.

Rafael abriu a porta e uma fumaça densa de vapor saiu, junto com o calor úmido. Para um militar orgulhoso, Alex tomava um banho exageradamente quente. O irmão já havia terminado seu banho e estava se secando. Era impressionante como laços consangüíneos podiam deixar um homem extremamente atraente, numa situação excitante, em algo sem a menor graça. Qualquer outro homem teria levado Rafael à loucura, mas seu irmão estava muito longe de se tornar um objeto de desejo.

- Tem como você dar uma olhada no meu computador, depois?

- O que houve? – Alex perguntou, enquanto esfregava a toalha no cabelo.

- Não sei. Desligou de repente e não ligou mais.

- Mentiroso. Estava vendo pornografia na internet de novo, não é! – Alex disse, rindo do irmão, que fechou a cara, roxo de vergonha.

- Cala a boca! A mãe vai te ouvir! Vai fazer ou não?!

- Vou. Depois que chegar do quartel, eu dou uma olhada.

- Valeu.

Rafael respirou aliviado pelo irmão não ter continuado a gozação. Fechou a porta, e subiu de volta para seu quarto, seguir o conselho da mãe e tentar dormir mais um pouco.

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