sexta-feira, 18 de junho de 2010

Um – Rafael

Uma nuvem negra pairava sobre a cabeça de Rafael. Literalmente. Uma tempestade cinza grafite deslizava pelo céu, a despeito do dia ensolarado e quente; o tempo virou de uma hora para outra, com uma bizarra sincronia com o humor do garoto loiro.

Rafael disparou pelo portão de casa, correndo, sem olhar para trás; não por causa iminente chuva que vinha no horizonte. Dizer que estava triste seria parco e impreciso. Sentia-se arrasado, devastado. Segurando uma lágrima de tristeza, e até raiva, Rafael entrou na sala escura e silenciosa. Logo percebeu que não havia ninguém em casa.

Um relâmpago cortou o céu com sua luz brilhante e fugaz, por um breve instante e, em seguida, um trovão estrondoso encheu os ouvidos e balançou portas e janelas. A chuva começou a cair junto com as lágrimas de Rafael, enquanto o adolescente subia as escadas para o segundo andar. Bateu a porta de seu quarto e girou a chave.

Depois, mergulhou o rosto no travesseiro e chorou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário