sexta-feira, 18 de junho de 2010

Trinta e Um – Perdendo o Controle

Selton jogou algumas almofadas que estavam em cima de sua cama no chão, falou com Rafael para se ajeitar e se sentou ao seu lado, depois de colocar o DVD pra rodar. Configurou as opções de áudio e deu inicio ao filme.

Filme este que Rafael mal prestou atenção. Não conseguiu se concentrar de tão tenso que ficou, sentindo Selton, ali do seu lado. O garoto moreno sentou-se com as pernas formando um ângulo reto, uma para cima e outra encostada no chão, e a perna da bermuda da que estava pra cima começou a escorregar, revelando a coxa de Selton.

Rafael começou a suar frio, fingindo que estava ligado na tela, enquanto, na realidade, estava vidrado nas pernas de Selton. “Que perna perfeita!”, admirou-se. Quase não tinha pêlos, era lisa como a sua, e apesar de ser magra, parecia forte, firme.

- A janela está aberta? - perguntou Rafael. Ele estava sentindo um calor inexplicável.

- Está sim, cara. Mas espera aí, vou pegar o ventilador da minha mãe. - com o controle remoto, Selton pausou o filme e foi buscar o tal ventilador.

Rafael suspirou aliviado e, junto com o ar, o calor foi embora. Não podia imaginar que um dia ficaria aliviado por ter Selton longe dele, mas aconteceu. Ainda um pouco tenso, ele olhou o relógio, pensando se seria cedo ou tarde para ir embora. Temia que se continuasse perto de Selton, mais alguns minutos, fosse capaz de cometer uma loucura! Por sorte, já era hora de sua mãe ter chegado do escritório.

Ele saiu do quarto e desceu ao primeiro andar, a procura do telefone que Selton mencionara, ainda pensando se deveria ou não dar um jeito de voltar pra casa. Queria tanto continuar ali, perto daquele garoto que o deixava feliz apenas com a presença. Mas Selton também parecia mexer com mais do que apenas a sua felicidade, estava quase perdendo o controle de suas ações e não queria correr o risco de perder uma amizade tão especial por conta de uma inconseqüência.

Quando chegou ao pé da escada, os dois se trombaram, de repente.

E naquele milésimo de segundo, que pareceu quase uma hora inteira para Rafael, ele pode sentir o calor do corpo de Selton e, mais uma vez, sua sanidade quase escapou-lhe e não abraçou o colega ali mesmo...

- Cara! Que susto! - disse Selton - Achei que ainda estivesse lá em cima!

- Eu desci pra ligar pra minha mãe? Posso?

- Claro, cara! O telefone fica ali. Eu vou pegar o ventilador da minha mãe. Achei que estivesse aqui embaixo, mas está no quarto dela. Avisa pra sua mãe que você está aqui e continuamos a ver o filme, ok!

- Ok! Já subo!

Quando Selton subiu a escada Rafael suspirou, novamente. Quanto tempo mais poderia passar em companhia de Selton sem perder as estribeiras? Cada segundo perto dele revelava uma situação nova e complicada de contornar!

Depois que se acalmou ele foi até o telefone e discou o número de casa. Chamou, chamou e chamou, até que a secretária eletrônica atendeu.

- Você ligou para Sueli, Alex ou Rafael, - disse a voz da advogada - só que no momento não deve ter ninguém em casa ou estamos com preguiça de vir atendê-lo. Portanto, deixe seu recado que retornaremos assim que for possível. Obrigada.

- Mãe, eu estou na casa do Selton, o novato que te falei que era nosso vizinho. Ele me convidou pra ver filme com ele. Assim que acabar, eu vou embora, tudo bem? Beijos, até daqui a pouco. - e colocou o telefone no gancho.

Quando se virou, levou outro susto...

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