sexta-feira, 18 de junho de 2010

Trinta e Quatro - Oportunidade

Eles continuaram a ver o filme e Rafael estava esperando a visita que o pai do amigo prometeu fazer ao quarto. Visita esta que não veio. Ele se sentiu aliviado por Selton ter saído do seu campo de visão, já que tinha deitado na cama e ele ainda estava sentado no chão. Não tinha nenhuma bermuda indecente para mostrar as pernas maravilhosas de Selton e o ventilador ajudou bastante a dispersar aquele calor absurdo que sentira antes.

O filme continuou e ele já estava de saco cheio! Não gostara do filme, fugira completamente às suas expectativas e estava realmente detestando! A única coisa que salvava naquela sessão era a presença de Selton, que, aliás, estava quieto demais.

Rafael olhou para trás e se surpreendeu. Selton estava dormindo, roncava bem baixinho, com a cabeça apoiada em um dos braços, virado de lado, aconchegado em posição fetal.

- Isso por que estava louco para ver o filme... - comentou sozinho.

Naquele instante sentiu compaixão ao vê-lo dormindo, como se velasse o sono de um bebê recém-nascido. Era um sentimento tão bom, tão feliz, para ser completo só faltava segurá-lo em seus braços enquanto sonhava. Rafael viajou naquele desejo cândido que jamais havia sentido por ninguém, queria intensamente dar carinho a Selton, fazer-lhe cafuné, beijar-lhe a testa quente. Até que percebeu que nem tudo era angelical naquela cena.

Não podia dizer se era ilusão, se era a parca claridade ou se era apenas a posição em que a bermuda estava, mas era capaz de jurar que tinha uma saliência protuberante entre as pernas de Selton, um volume um tanto anormal.

“Caramba!O pau dele ‘tá’ duro”!, pensou. Notar a excitação de Selton o deixou sem reação, ele prendeu a respiração. Aquele calor peculiar de antes o esmagou com força triplicada, seu corpo inteiro retesou, milhares de coisas passaram pela sua cabeça e tudo aquilo fez com que também ficasse excitado. Cogitou trancar a porta para ter alguma privacidade, poder saciar alguns de seus desejos e fantasias. Tocar aquela pele rija, ali, a poucos palmos.

“O pai dele ficou de subir! E ele pode acordar!”

Rafael olhou para porta, ainda se perguntando se devia ir adiante, se devia aproveitar a oportunidade. Selton estava dormindo e mesmo que seu sono parecesse leve, a vontade era indomável. A chave estava ali, era só virar e estaria trancado com o cara que tirava o seu fôlego! Ele próprio estava tão duro que chegava a doer! “Ele está dormindo! Vai lá! Aproveita!”

“Ele está dormindo...”

Não queria que fosse daquele jeito. Mesmo em seus devaneios mais tolos, que fantasiava seus momentos íntimos com Selton, queria que fosse espontaneamente, de livre vontade de ambos, que ambos quisessem. Não queria abusar de Selton. Se algum dia, Selton topasse ter alguma coisa com ele, seria plenamente consciente, seria por vontade própria!

- Aí, cara, acorda! - Rafael não agüentou, não podia abusar de Selton e também não queria se arriscar a ser pego, fosse pelo próprio Selton ou pelo pai dele, que podia chegar a qualquer momento.

Selton acordou sobressaltado; como que por instinto, olhou para o travesseiro, talvez investigando se tinha babado o travesseiro.

- O que foi? Eu dormi?

- Cochilou um pouco! - respondeu Rafael, tentando parecer o mais normal possível, sem mostrar sua excitação e o desejo que sentia naquele momento. - Você estava realmente afim de ver o filme, hein?!

- Nossa, não tive tempo de cochilar hoje a tarde! Aí peguei no sono aqui. Foi mal.

- Que isso, cara! Não se preocupe. Eu vou embora e você vai poder descansar em paz.

- Fica aí, Rafa! Termina de ver o filme comigo! - pediu. Rafael quase achou que ele estava implorando.

Rafael ponderou. O filme devia estar perto de acabar, mesmo, não faria mal ficar mais um pouco...

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