domingo, 18 de julho de 2010

Trinta - Tempestade

Os primeiros respingos começavam salpicar a janela suja do ônibus, formando pontinhos transparentes que distorciam a imagem lá de fora.

Rafael foi quase todo o trajeto, quieto, distante, abraçado à sua mochila. Ana, sentada ao seu lado, não podia dizer muita coisa, pois sabia que o que o amigo estava passando, não tinha como abrandar com conversa ou palavras. É o tipo de coisa que se vai naturalmente... Então, tudo que ela fez foi ficar sentada ao lado do amigo.

Rafael estava tão longe que nem percebeu que já estava, finalmente chegando em casa. Ana teve que chamá-lo e alertá-lo.

- Rafa, já estamos chegando no seu ponto.

- Ah! – ele disse, amuado – Valeu.

- Quer que eu vá com você? A gente pode ver um filme, alguma coisa?

- Não, Ana. Quero ficar sozinho, hoje. Amanhã a gente conversa. Pode ser?

- Está bem. Mas qualquer coisa, me liga, hein? Não importa a hora.

- Ok.

Rafael jogou a mochila nas costas, sem se importar com o peso e apertou o botão para solicitar a parada. O ônibus estacionou perto do meio fio e Rafael desceu.

Uma nuvem negra pairava sobre a cabeça de Rafael. Literalmente. Uma tempestade cinza grafite deslizava pelo céu, a despeito do dia ensolarado e quente; o tempo virou de uma hora para outra, com uma bizarra sincronia com o humor do garoto loiro.

Rafael disparou pelo portão de casa, correndo, sem olhar para trás; não por causa iminente chuva que vinha no horizonte. Dizer que estava triste seria parco e impreciso. Sentia-se arrasado, devastado. Segurando uma lágrima de tristeza, e até raiva, Rafael entrou na sala escura e silenciosa. Logo percebeu que não havia ninguém em casa.

Um relâmpago cortou o céu com sua luz brilhante e fugaz, por um breve instante e, em seguida, um trovão estrondoso encheu os ouvidos e balançou portas e janelas. A chuva começou a cair junto com as lágrimas de Rafael, enquanto o adolescente subia as escadas para o segundo andar. Bateu a porta de seu quarto e girou a chave.

Depois, mergulhou o rosto no travesseiro e chorou.

Vinte e Nove - Mentira

O céu já estava escuro, a nuvem de tempestade se aproximava vagarosamente. O vento frio passava pele arrepiando-os e fazendo-os pensar que deveriam ter levado blusas de frio, mas quem iria imaginar que justamente naquele dia o tempo ai virar tão bruscamente?

Rafael, Ana, Selton e Débora foram os últimos da turma a esperarem ônibus. Todos os outros já tinha se dispersado em suas próprias direções, com medo da tempestade que prometia cair a qualquer momento. Rafael também teria ido se o ônibus de Débora não estivesse demorando a passar e Selton não tivesse insistido tanto para que esperassem junto com ele.

- Credo! Nunca pensei que veria esse tipo de coisa em Juiz de Fora – Selton comentou, abraçando Débora, que estava com frio.

- Éh! Em alguns lugares já deve estar chovendo – Débora disse.

Rafael mirava o chão, como quem quer fazer um buraco nele, de tanta raiva. Precisava olhar para algum lugar, que não o casal.

- Pra você ver – ele disse, entre os dentes.

- Ana, Rafa, pra mim vocês vão ter que dizer – Selton se aproximou, sem soltar Débora - Só está a gente aqui. Vocês ficaram ou não ficaram no churrasco?

Rafael mal levantou uma sobrancelha, mas estava espantado com a pergunta.

- Que obsessão é essa de saber de mim e Ana?

- Ah! Fala sério! Vocês são meus amigos! Diz aí!

- Nós não ficamos, Selton! - disse Rafael.

- Ana, responde aí – Selton insistiu.

- Vocês o ouviram, pessoal. Nós não ficamos.

Se Ana não fosse sua amiga, Rafael pularia no seu pescoço, de raiva. Ela estava fazendo de propósito!

- Eu disse, Selton – Débora falou – O povo que fica inventando história.

- E porque vocês sumiram da festa? Aconteceu alguma coisa?

- Não aconteceu nada. O Rafael só ficou com dor de cabeça por causa do barulho, ai fomos para um lugar mais quieto – Ana mentiu pra tentar despistá-lo - Só isso.

- Sério?! E porque você não falou nada, Rafa?

- Não tinha motivo pra estragar a festa dos outros. Selton, leva a mal não, mas vem vindo um ônibus ali e eu vou nele.

Selton olhou para o fim da avenida e realmente vinha um ônibus que ia para o bairro em que moravam.

- Certo. Pode ir – ele nem se importou, agora que sabia que o amigo estava com dor de cabeça - Depois a gente se fala.

Ana acenou para o casal e acompanhou Rafael, que se afastava para onde o ônibus pararia.

- Até mais, gente. E juízo vocês dois.

- Pode deixar, mãe! – Débora gritou.

Rafael os observou de longe, quase se esquecendo do ônibus. Engoliu a seco, tentando suplantar aquele sentimento frio que tinha por dentro.

- Vamos, Rafa – Ana disse, sentindo compaixão pelo amigo.

O ônibus parou no ponto e os dois embarcaram, para alívio de Rafael.

Vinte e Oito - Outras Vizinhanças

A festa que Alex tinha mencionado era, na verdade, um churrasco. Que aliás, estava fadado ao desastre, porque uma nuvem negra vinha pelo céu e a chuva era iminente.

Por um momento, Rodrigo achou que deveria ter ficado em casa. Estava cansado, exaurido e era desconfortável tanto ficar em pé, quanto sentar, e o pior era que tinha que fingir que nada estava ardendo pra não levantar suspeitas. Gente estranha, com conversas que ele não tinha o menor interesse em se inteirar. Nem os caras da festa lhe chamavam a atenção. Até que Carla, a namorada de Alex, apresentou-lhe uma amiga.

Laura era bonita, rosto em forma de gota, cabelos castanhos, compridos e lisos, olhos pretos e cílios longos, coisa rara em mulheres. Imaginando que a noite estaria quente, ela se vestia apenas com um shortinho jeans que deixava suas belas pernas expostas e o top de um biquíni verde florido. Mas o que mais chamou a atenção de Rodrigo foram os lábios rosa e brilhosos, carnudos e convidativos.

A princípio, Rodrigo não estava animado a conhecer ninguém, muito menos mulher. No entanto, não podia ser mal educado, e se não fosse conversar com a garota, Alex ia perturbá-lo a semana inteira. Preferiu engatar a mesma conversa de sempre. Era só dizer que era militar que depois o papo fluía naturalmente – se estivesse com a farda, ela, com certeza, abriria as pernas ali mesmo. Se sentaram mais afastados do barulho, na varanda da grande casa, onde tinha umas cadeiras de palha com almofadas aconchegantes.

Descobriu que Laura estava estudando para ser pedagoga, morava em uma republica feminina com mais três amigas, porque era de outra cidade. Coincidência, pois ele também não era de Juiz de Fora. Tinha ido servir o exército e voltava poucas vezes para sua cidade natal. Ela também não tinha muito tempo para visita os familiares primeiro, porque era muito longe, segundo porque os estudos não deixavam. Laura era amiga da dona da festa, ele era penetra, convidado pelo namorado da amiga da dona da festa. Falavam amenidades, coisas banais, sem muita importância. Quando percebeu, estava sorrindo para Bianca e ela sorria de volta. Rodrigo estava carente, queria atenção e Laura estava lhe dando, se interessava por ele, puxava conversa, perguntava da vida dele. Foi essa atenção que o fez tomar a iniciativa e perguntar, bem no ouvido dela:

- Posso te dar um beijo?

O sorriso de Laura se intensificou, ela enrubesceu, e piscou os olhos. Aquilo era um sim acanhado.

E daí se gostava de homem? E daí se estava com o cu ardendo de tanto dar? E daí se gostava de pêlo e pica? Não importava. “Tem alguém aqui que está afim de mim e não só de me usar!”

Rodrigo segurou Laura pelo rosto e lhe deu um beijo demorado, lento, saboreando o gosto de sua boca.”Morango” Sem interromper o beijo, ela se levantou de sua cadeira e sentou no colo de Rodrigo. Ele se perdeu, sentindo aquele corpo liso, suave, cheio de curvas, o perfume adocicado do hidratante de corpo. “Como isso faz falta”, constatou.

- Nossa - ela sussurrou, com os lábios quase colados com os dele - Que beijo.

- Você também.

E os dois ficaram, curtindo um ao outro na poltrona na até que a chuva começou a cair. Gotas geladas, pesadas como pedras vinham em um ângulo que parecia impossível, carregadas pelo vento forte. A nuvem negra que Rodrigo vira mais cedo estava praticamente em cima da casa, engolindo o sol da tarde. De um lado, o céu estava brilhante, em tom âmbar, do outro, de um cinza tão intenso que algumas nuvens pareciam verdes.

Respingados, os dois interromperam a ficada e correram para se proteger da chuva dentro da casa, porque só o telhado da varanda não estava dando conta. Todos que estavam na festa, fizeram o mesmo, se sacudindo e passando as mãos no corpo e cabelos para secaram. Rodrigo e Laura fecharam rapidamente a porta corrediça da varanda, e ficaram maravilhados com a chuva. Ela tinha piorado tanto que agora parecia uma cortina opaca, refratando a luz agora pálida do Sol.

- Nossa, você está toda molhada – ele disse – E tremendo. Espera – mais do que depressa, Rodrigo tirou sua camisa, que, embora úmida, daria pra tirar o excesso de água do corpo de Laura.

- Não, não precisa, Rodrigo – ela ainda tentou impedi-lo, mas era tarde. Ele já estava esfregando a camisa em seus braços.

- Vai ficar molhada, não! – depois que a secou, jogou a camisa no ombro e a abraçou, encostando em sua pele arrepiada e fria.

- Pode vestir sua camisa. Vou pegar uma na minha bolsa.

- Tem certeza?

- Tenho.

- Ok.

Ela subiu na ponta dos pés pra beijá-lo e foi em direção à Carla que estava nos braços do namorado. As duas foram para um corredor e sumiram no interior da casa. Sozinho, Alex veio falar com o amigo.

- Mando bem, soldado. Todo cavalheiro, todo gentil.

- Eu não estava muito afim, não. Mas valeu a pena.

- Te disse, soldado. Você não acredita em mim.

- Valeu, cabo – Rodrigo, bateu no ombro do amigo, em gratidão - Peraí - pediu, quando sentiu o celular vibrando no bolso. Tirou o aparelho e analisou o visor. Era uma chama de um número não registrado na sua agenda, mas que ele já conhecia de cor.

“Você de novo? Não cansa, não?”

- Quem é, soldado? A garota de hoje cedo?

- Éh! – mentiu.

- Despacha, antes que a Laura volte.

- Nem precisa – Rodrigo rejeitou a chamada, desligou o celular e o colocou de volta no bolso. “Se queria me comer de novo, porque não ficou no apartamento, seu filho da puta!”

Alex encarou o amigo espantado.

- Que isso, soldado?! Já está desse jeito?

- Tenho coisa muito melhor aqui – respondeu, sério.

Laura e Carla voltaram, vestidas e secas.

Vinte e Sete - Analisando

Guilherme tinha passado o dia preocupado. E não era por causa da sua pele avermelhada e ardida, ou por causa da sensação de cabeça leve por causa da cerveja. Sabia que ter visto Selton ficar com Débora devastara Rafael. Era aquilo que ele temia. Mas, infelizmente, dadas as circunstâncias ele não podia ter feito nada. Por sorte, Ana estava por perto para remendar os pedaços do amigo e talvez – só talvez - a situação não ficasse tão feia. Ele ainda pensou em perguntar alguma coisa à garota, para dar uma sondada, mas temeu soar suspeito demais. Por enquanto, não poderia fazer nada além de observar, o que, no seu caso, não era pouco.

A maior parte do pessoal desceu no mesmo ônibus, enquanto outros ficaram na granja, curtindo o finzinho da tarde à beira da piscina e o som que Gustavo fazia em seu violão. Guilherme preferiu ir embora, já que a festa tinha praticamente acabado e queria observar Rafael, saber como ele estava encarando a situação.

Além dele e Rafael, quase uma dezena de outros colegas decidiram ir embora de uma vez, de ônibus. Ônibus que demorou uns bons minutos e assim que chegou todo mundo subiu como desesperados. As mochilas pareciam estar duas vezes mais pesadas do que quando foram, por causa das roupas mal dobradas e as toalhas molhadas, o que dificultou na hora de passar nas roletas.

Rafael, Ana, Selton e Débora sentaram nos últimos bancos, junto com Diego. Aquilo atrapalhava as intenções de, mas não o impedia de ficar de olho. Sentou com outros amigos nos bancos da frente e sentou de lado, puxando conversa com Bernardo que tinha se acomodado do outro lado do corredor. Assim, podia dar olhadas rápidas para trás.

A coisa não ia bem. Débora e Selton continuavam o agarramento, do lado de Diego, que conversava com Ana, pra não ter que ficar segurando vela. Estavam mais discretos do que na granja, mas isso não devia diminuir o sentimento de Rafael. Ele estava introspectivo, olhando para fora do ônibus como quem enxerga um horizonte alheio ao restante do mundo. Ana volta e meia perguntava alguma coisa ao amigo, que balançava a cabeça, fingindo estar bem. Diego também perguntava algumas coisas a Rafael, mas recebia respostas monossilábicas, quando muito. Guilherme achou curioso ao reparar que Selton também estava preocupado com Rafael, mas Débora não o deixava fazer parte da conversa. Para uma feminista entusiasmada e independente, ela estava bem dependente da atenção de um homem!

- Ei! Cara! Esquece a Ana – Bernardo disse, ao notar que não tinha a total atenção de Guilherme.

- Quê?! Nada a ver, Bernardo! – Guilherme se defendeu.

- Cara, você está olhando pra trás desde que a gente entrou no ônibus. E não é com uma expressão muito feliz.

- Já falei, cara! Você está viajando.

- Guilherme, ela está na do Rafael. Passou.

“Se você soubesse da missa a metade...”, Guilherme pensou.

Vinte e Seis - Ofendida

- Me explica, Lúcia! Me explica! Como eu fui deixar você me enfiar nessa roubada?! – Sueli perguntou, indignada.

Sueli não tinha ido pra casa. Por algum motivo, ainda desconhecido, ela preferiu ir embora de ônibus e, enquanto esperava, acabou passando um que passava na frente da casa da amiga. Sem pensar direito, ela simplesmente entrou no ônibus e parou na casa de Lúcia, que estranhou a visita da amiga, e ainda mais a acusação.

- Ah! Ele era bonitinho, vai... – ela tentou se defender, mas sem levar muita fé no que ela mesma dizia.

- Ele é uma graça! É lindo, inteligente... Mas é uma criança! Onde eu estava com a cabeça?...

As duas estavam na cozinha, esperando o café que Lúcia estava passando às pressas. Lúcia morava numa casa modesta, simples, mas bem arrumada e aconchegante. Moravam apenas ela e a filha adolescente – que tinha dado um jeito de desaparecer, aproveitando a distração provocada por Sueli.

- Não fica assim, Su. Não estressa que é pior – Lúcia disse, coando o café.

- O que mais me irrita, Lúcia, é que eu sabia que isso não daria certo! Sabia!

- Mas não era pra dar certo, Sueli! Era só pra você se distrair do trabalho, esquecer essa sua vida de advogada, mãe e dona de casa!

- Estou muito feliz com esses papéis, Lúcia. Não preciso de outro, não!

- Claro que precisa! Toda mulher precisa! Ou vai me dizer que você não sente falta da companhia de um homem, pra não entrarmos em detalhes mais sórdidos?

- Sinto, Lúcia! Companhia de um homem! Não de um garoto!

- A companhia do “garoto” estava servindo muito bem, até agora. O que foi que mudou, Sueli?

- Qual é a obsessão de vocês em ficar desdobrando o que eu falo? – Sueli se revoltou.

- Não é verdade? Você estava curtindo as conversas com Pablo, estava mais leve, mais sorridente. Até hoje, que você chegou aqui espumando. Alguma coisa aconteceu.

Sueli encarou a amiga, hesitante. De repente, ela jogou a mão na nuca e balançou os cabelos loiros, contrariada. Depois, disse:

- Ele estava noivo, até uns meses atrás.

- E daí? “Estava”! Acabou! Qual o problema?

- O noivado dele acabou há poucos meses e ele já está seguindo com a vida dele, indo atrás de outras mulheres!

- Que bom! – Lúcia disse, distraidamente.

- Como uma pessoa pode descartar uma coisa dessas assim, com essa facilidade, Lúcia? Um relacionamento sério o bastante para se tornar um noivado e pouco tempo depois que acaba, já está procurando outra pessoa?!

- As pessoas querem ser felizes... ou você acha que elas deveriam ficar aprisionadas em relacionamentos fadados ao caos – Lúcia serviu duas xícaras de café.

- Claro que não! Se fosse assim eu não teria emprego.

- Sabe? Acho que isso não tem nada a ver com a idade. Você ficou ofendida...

- Ofendida? Lúcia, pelo amor de Deus, fale as coisas com coerência!

- Você mesma já me falou que levou anos pra conseguir tirar sua aliança de casamento, mais tempo ainda para aceitar o fato que o Adriano tinha partido. O que a incomodou é que o Pablo terminou um noivado mas continuou a vida dele. Você empacou.

- Eu não empaquei, Lúcia!

- Você na verdade só está procurando motivos pra não continuar a vê-lo.

- Lúcia, volta pra Terra!

- A vida continua, amiga! Sei que parece que sua vida está boa agora, sendo mãe, advogada. Só que a vida não é só isso!

- O que você esta achando que eu sou? Uma adolescente? Sei que a vida não se resume a isso! Só que não posso esperar que um garoto novo como o Pablo me dê o que eu preciso e quero.

- Você não tem certeza disso, Su.

- Lúcia, homens já são imaturos por natureza. Moleques são dez vezes mais imaturo.

- Pelo que você me falou, Adriano não foi imaturo – ela revidou, bebericando o café fumegante.

Sueli teve que admitir.

- Não, não foi. Ele era exceção.

- Olha! Pra mim chega! Não sei nem porque estou insistindo tanto. Você se arriscou e isso já é o bastante.

- Éh!

Naquele momento, um clarão vindo de fora da casa iluminou a cozinha e em seguida um trovão as assustou, fazendo-as gritar. Tão logo o som se acalmou, elas ouviram o chiado da chuva forte que começou a cair. Sueli e Lúcia correram para a janela e viram as gotas grossas e pesadas caindo com força no chão e nas plantas do jardim da frente, uma nuvem sombria pairava no horizonte, imponente, amedrontadora, prometendo uma grande tempestade.

- Nossa, o tempo virou – Lúcia comentou, embasbacada.

- E eu vim sem carro... maravilha.

- Relaxa, Sueli. Qualquer coisa você dorme aí.

- Os meninos vão ficar preocupados.

- Deixa ficar. Eles já são bem grandinhos e você também.

- Lúcia... como você consegue ser assim tão despreocupada.

- Ah! É fácil... um dia eu te ensino.