domingo, 18 de julho de 2010

Vinte e Nove - Mentira

O céu já estava escuro, a nuvem de tempestade se aproximava vagarosamente. O vento frio passava pele arrepiando-os e fazendo-os pensar que deveriam ter levado blusas de frio, mas quem iria imaginar que justamente naquele dia o tempo ai virar tão bruscamente?

Rafael, Ana, Selton e Débora foram os últimos da turma a esperarem ônibus. Todos os outros já tinha se dispersado em suas próprias direções, com medo da tempestade que prometia cair a qualquer momento. Rafael também teria ido se o ônibus de Débora não estivesse demorando a passar e Selton não tivesse insistido tanto para que esperassem junto com ele.

- Credo! Nunca pensei que veria esse tipo de coisa em Juiz de Fora – Selton comentou, abraçando Débora, que estava com frio.

- Éh! Em alguns lugares já deve estar chovendo – Débora disse.

Rafael mirava o chão, como quem quer fazer um buraco nele, de tanta raiva. Precisava olhar para algum lugar, que não o casal.

- Pra você ver – ele disse, entre os dentes.

- Ana, Rafa, pra mim vocês vão ter que dizer – Selton se aproximou, sem soltar Débora - Só está a gente aqui. Vocês ficaram ou não ficaram no churrasco?

Rafael mal levantou uma sobrancelha, mas estava espantado com a pergunta.

- Que obsessão é essa de saber de mim e Ana?

- Ah! Fala sério! Vocês são meus amigos! Diz aí!

- Nós não ficamos, Selton! - disse Rafael.

- Ana, responde aí – Selton insistiu.

- Vocês o ouviram, pessoal. Nós não ficamos.

Se Ana não fosse sua amiga, Rafael pularia no seu pescoço, de raiva. Ela estava fazendo de propósito!

- Eu disse, Selton – Débora falou – O povo que fica inventando história.

- E porque vocês sumiram da festa? Aconteceu alguma coisa?

- Não aconteceu nada. O Rafael só ficou com dor de cabeça por causa do barulho, ai fomos para um lugar mais quieto – Ana mentiu pra tentar despistá-lo - Só isso.

- Sério?! E porque você não falou nada, Rafa?

- Não tinha motivo pra estragar a festa dos outros. Selton, leva a mal não, mas vem vindo um ônibus ali e eu vou nele.

Selton olhou para o fim da avenida e realmente vinha um ônibus que ia para o bairro em que moravam.

- Certo. Pode ir – ele nem se importou, agora que sabia que o amigo estava com dor de cabeça - Depois a gente se fala.

Ana acenou para o casal e acompanhou Rafael, que se afastava para onde o ônibus pararia.

- Até mais, gente. E juízo vocês dois.

- Pode deixar, mãe! – Débora gritou.

Rafael os observou de longe, quase se esquecendo do ônibus. Engoliu a seco, tentando suplantar aquele sentimento frio que tinha por dentro.

- Vamos, Rafa – Ana disse, sentindo compaixão pelo amigo.

O ônibus parou no ponto e os dois embarcaram, para alívio de Rafael.

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