O céu já estava escuro, a nuvem de tempestade se aproximava vagarosamente. O vento frio passava pele arrepiando-os e fazendo-os pensar que deveriam ter levado blusas de frio, mas quem iria imaginar que justamente naquele dia o tempo ai virar tão bruscamente?
Rafael, Ana, Selton e Débora foram os últimos da turma a esperarem ônibus. Todos os outros já tinha se dispersado em suas próprias direções, com medo da tempestade que prometia cair a qualquer momento. Rafael também teria ido se o ônibus de Débora não estivesse demorando a passar e Selton não tivesse insistido tanto para que esperassem junto com ele.
- Credo! Nunca pensei que veria esse tipo de coisa em Juiz de Fora – Selton comentou, abraçando Débora, que estava com frio.
- Éh! Em alguns lugares já deve estar chovendo – Débora disse.
Rafael mirava o chão, como quem quer fazer um buraco nele, de tanta raiva. Precisava olhar para algum lugar, que não o casal.
- Pra você ver – ele disse, entre os dentes.
- Ana, Rafa, pra mim vocês vão ter que dizer – Selton se aproximou, sem soltar Débora - Só está a gente aqui. Vocês ficaram ou não ficaram no churrasco?
Rafael mal levantou uma sobrancelha, mas estava espantado com a pergunta.
- Que obsessão é essa de saber de mim e Ana?
- Ah! Fala sério! Vocês são meus amigos! Diz aí!
- Nós não ficamos, Selton! - disse Rafael.
- Ana, responde aí – Selton insistiu.
- Vocês o ouviram, pessoal. Nós não ficamos.
Se Ana não fosse sua amiga, Rafael pularia no seu pescoço, de raiva. Ela estava fazendo de propósito!
- Eu disse, Selton – Débora falou – O povo que fica inventando história.
- E porque vocês sumiram da festa? Aconteceu alguma coisa?
- Não aconteceu nada. O Rafael só ficou com dor de cabeça por causa do barulho, ai fomos para um lugar mais quieto – Ana mentiu pra tentar despistá-lo - Só isso.
- Sério?! E porque você não falou nada, Rafa?
- Não tinha motivo pra estragar a festa dos outros. Selton, leva a mal não, mas vem vindo um ônibus ali e eu vou nele.
Selton olhou para o fim da avenida e realmente vinha um ônibus que ia para o bairro em que moravam.
- Certo. Pode ir – ele nem se importou, agora que sabia que o amigo estava com dor de cabeça - Depois a gente se fala.
Ana acenou para o casal e acompanhou Rafael, que se afastava para onde o ônibus pararia.
- Até mais, gente. E juízo vocês dois.
- Pode deixar, mãe! – Débora gritou.
Rafael os observou de longe, quase se esquecendo do ônibus. Engoliu a seco, tentando suplantar aquele sentimento frio que tinha por dentro.
- Vamos, Rafa – Ana disse, sentindo compaixão pelo amigo.
O ônibus parou no ponto e os dois embarcaram, para alívio de Rafael.
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