Era um domingo bem ensolarado. Coisa para se aproveitar numa cidade em que o tempo era instável em seu sentido mais literal. Guilherme vestiu uma roupa bem despojada, uma bermuda floral e camisa de algodão clara pra aliviar o calor e, por causa de sua pele excessivamente branca, não podia sair sem um protetor solar. Ele aproveitou que tinha aquele dia de folga para colocar a cabeça no lugar e só tinha um lugar em que conseguia fazê-lo: ao lado diante da lápide do irmão.
- Foi bizarro, Lucas – Guilherme disse, sentado sob a sombra de uma árvore frondosa, mal acomodado em suas raízes que pareciam tentáculos de uma lula maldosa.
- Eu sei – seu irmão (imaginário ou não) preferiu andar ao seu redor, com as mãos no bolso do sobretudo negro.
- Acho que você teria apreciado a ironia...
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