Quando Selton voltou, Guilherme já estava vindo em sua direção.
- Quero falar com você – Selton disse, num tom pouco amistoso.
Selton não gostava de ser violento. Gostava de ser amigo das pessoas, de tratá-las bem ou, pelo menos, com o devido respeito. Mas Guilherme tinha ultrapassados certos limites.
Guilherme se surpreendeu, mas não se intimidou com o queixo levantado e os ombros abertos. Ele, na verdade, sorriu.
- Pode falar.
- Eu não sei qual é a sua. Honestamente, não quero saber. Mas se eu souber que você continua falando mal do Rafa, eu vou acertar minhas contas com você.
“Interessante...”, Guilherme pensou. Seu cinismo de Guilherme era imensurável:
- Não tenho idéia do que você está falando, Selton.
- Vou refrescar a sua memória. Por causa daquele seu papo no dia do jogo, eu quase briguei com o Rafael e perdi a amizade dele.
- Vocês parecem bem... Bem até demais, eu diria...
- Ouviu! – Selton deu uma passo a frente, fitando Guilherme nos olhos, com intensidade - Se voltar a espalhar mentiras do meu amigo, a gente vai conversar de novo.
- Acho que você tem visto filmes de gângster demais, Selton. Toda essa coisa de “acerto de contas” é um pouco... ridículo. Não acha, não?
- Já avisei, Guilherme. Fica na sua – e deu as costas pra Guilherme.
- Por que está defendendo o Rafael? Aliás, por que acha que ele precisa de alguém pra defendê-lo?
- Por que ele não quer se defender. Ele se ofende com as coisas que você diz, mas não tem coragem pra revidar.
- E você vai fazer isso por ele? Boa sorte – Guilherme disse, sem jamais de mostrar intimidado – Sabe? Fiquei feliz que tivemos essa conversa.
Guilherme foi embora, deixando Selton trincando os dentes de raiva.
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