- Você tinha razão – Lucas comentou chocado, depois de ouvir o relato do irmão sobre a noite em que jantara com o pai.
- Razão sobre o quê? – Guilherme perguntou, sem saber direito do que o irmão estava falando.
- Apreciei a ironia – respondeu, rindo – E foi bizarro também. Eu nunca poderia desconfiar do pai.
- Depois, ele me confessou que também não desconfiava. E logo e seguida disse que nunca se sentiu atraído por outro homem, até conhecer esse cara com quem ele está agora.
- Que, aliás, você não disse o nome.
- O pai também não.
Lucas encostou na árvore, olhando sério para o irmão.
- O que você pensa em fazer?
- Nada, oras. O que há pra se fazer?
- Você sempre faz alguma coisa, Guilherme. Está na sua natureza intervir quando alguma coisa não o agrada. Por isso ainda sente algo de culpa pela minha morte.
- Não sinto culpa! – Guilherme disse, entre os dentes.
- Mentiroso – Lucas rebateu.
- Sorte sua você ser fruto a minha imaginação, ou juro que e daria uma coça.
- Você não tem certeza disso! – Lucas continuou com seu risinho atrevido - Você não me disse o que vai fazer em relação ao pai.
- Não há nada que possa fazer, pelo menos não agora. A não ser ficar de olho. Agora são dois enrustidos que tenho que tomar conta pra não fazerem besteira.
E olhou para Lucas, esperando por uma resposta ou réplica. Que não veio.
- Não vai dizer nada? – inquiriu.
- Não há nada pra dizer. Exceto que você tenta demais me salvar, através dos outros.
- Eu não tento te salvar! – Guilherme disse – Infelizmente, não dá mais. Mas posso fazer alguma coisa pelos outros.
- Claro que pode. Mas você exagera, Gui. E, se sou fruto do seu subconsciente, você também sabe disso.
Guilherme percebeu o que o irmão estava tentando fazer:
- Eu vou continuar, não importa o que você pense.
- Tecnicamente, o que você pensa.
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