quarta-feira, 30 de junho de 2010

Trinta e Cinco - De Serviço

Já era noite e mesmo que o quartel onde Rodrigo servia fosse bem próximo à área centra da cidade, naquele horário, não havia qualquer movimento na rua. Alguns carros passava vez ou outra e sumiam rápido na escuridão. Díade semana, nem o bar na outra esquina tinha vida; tão logo os últimos clientes saiam, as portas se abaixavam.

Aquele devia ser o serviço mais enfadonho de todo o exército. Montar guarda. Ficaria uma boa parte da noite de pé, com um fuzil na mão, vigiando a entrada e saída de pessoal, o que, àquela hora da noite, não seria ninguém.

Rodrigo já estava de pé do lado de fora da guarita há duas horas e não percebera a passagem do tempo, desde que o trânsito de pessoas cessara. Sem nada para chamar sua atenção, desligou-se do mundo. Ainda pensava naquela mesma manhã, quando literalmente roubara a cueca de Alex. Enquanto o amigo se arrumava na sala, Rodrigo terminava a punheta que começara no quarto, com medo que amigo entrasse no banheiro procurando a cueca e o pegasse sentado no vaso, nu, agarrado ao pau, se masturbando com o nariz enfiado na peça sumida. Quanto mais pensava nisso, mais intenso ficava seu tesão. Gozara horrores despejando toda porra no vaso. Depois do orgasmo, ficara decepcionado por não ter sido pego com a boca na botija; talvez fosse exatamente isso que precisasse para conseguir a transa da sua vida.

De pé, na guarita do quartel, lembrava-se daquela manhã, sentindo o pau ficar duro, pela milésima vez e as bolas doerem de tesão. Tudo isso porque a cueca roubada passara o dia inteiro no bolso de sua farda e desde que saíra de casa não teve tempo para se “aliviar”. Agora que estava de serviço, tinha que se segurar e tentar disfarçar o volume na calça, porque não podia correr o risco de ser pego de barraca armada. Sorte que seu oficial só passava ali para inspecionar a guarda de duas em duas horas, quando os soldados trocavam de posto. Para sua sorte, isso estava prestes a acontecer, com sorte, poderia voltar até o prédio do alojamento e, com sorte, aproveitar parte do seu tempo de descanso para aliviar o tesão que estava sentindo, o banheiro da guarita seria muito arriscado.

Quando a troca da guarda aconteceu, Rodrigo pediu ao seu oficial permissão para ir ao prédio do alojamento. Tão logo a permissão foi concedida, Rodrigo atravessou o estacionamento escuro às pressas, passou por outros postos de guarda sem qualquer empecilho, apenas batendo uma continência bem informal. Seguindo por corredores mal iluminados, Rodrigo chegou ao banheiro do alojamento. Sem se importar muito com barulho, ele fechou a porta e se fechou em um dos reservados.

Respirou aliviado. Estava sozinho. Tudo que ouvia agora era o silêncio, imerso na semi-escuridão. Enfiou a mão no bolso e tirou a cueca de Alex. Seu coração palpitava fora de compasso, quase como se tocasse um artefato de poder milagroso. Reverenciava aquele pedaço de pano com fervor. Sentia-se obcecado. Sentia-se tomado por um tesão sem controle.

Abriu a fivela do cinto e deixou a calça cair até o tornozelo, se amontoando acima as botas. Sem muita delicadeza, apertou o pau e começou a se masturbar, como naquela mesma manhã, com força, intensidade, desejo, paixão. O cheiro do saco de Alex na sua cara o deixava louco, inebriado, viciado. Deixou todo seu tesão aflorar, sem medo, sem pudor, apenas um pouco de comedimento para não acabar gritando no meio do quartel. Precisava gozar logo para voltar ao serviço.

De pé de frente para o vaso, ele levava a diante sua punheta desesperada, tão imerso naquele desejo que não percebeu que a porta do banheiro fora aberta e alguém entrava pé ante pé, silenciosamente. A mão de Rodrigo batia contra sua virilha, fazendo um som parecido com uma salva de palmas, o suor começava a brotar dos poros e a respiração curta lhe mandava oxigênio em curtas rajadas. A cabeça do pau em riste, bem acima do vaso, para evitar lambanças inconvenientes. Estava bem perto de gozar quando a porta do reservado se abriu de repente.

Primeiro sentiu o terror. Olhou através da parca claridade e logo reconheceu a silhueta do seu oficial da guarda, o Tenente Gomes. O susto foi tão grande que seus músculos não responderam a nenhum de seus comandos para se mover, esconder a cueca na mão, guardar o pau – agora em declínio – ou vestir a calça. A situação não poderia ser mais vexatória, não pensava em nada que pudesse dizer para se justificar.

Tenente Gomes era um homem bem formado, com ombros largos e encorpado, não muito mais alto do que Rodrigo. Tinha o rosto grande, quadrado, de olhar quase sempre severo, cabelos bem raspados e acinzentados. Seus olhos pequenos brilhavam na escuridão.

- Ah! Soldado... – Gomes lamentou. Mas não era verdade, era um tom de fingimento. O Tenente deu um passo em direção a Rodrigo, que recuou e se viu sem muito lugar pra onde correr. Lentamente, Gomes estendeu a mão e com força segurou o punho do soldado que apertava a cueca roubada. Rodrigo resistiu mas o tenente era mais forte que ele. – Eu sempre soube que você era um viadinho pederasta – e o empurrou, fazendo-o sentar no vaso.

Rodrigo estava mudo, estático. Seus neurônios não respondiam direito.

Tenente Gomes o olhava com superioridade, com arrogância e um sorriso sádico e medonho. Sem fazer barulho, ele abriu a fivela do cinto e correu o zíper da calça. Só então Rodrigo começou a entender o que o Tenente queria.

Gomes enfiou a enorme mão dentro da calça e revelou a mala. Seu pau meia bomba pulsava, dando sinais de vida.

- Chupa, soldado – ordenou.

O terror de Rodrigo sumiu e o tesão desmedido tomou controle de seu corpo outra vez. Não era quem ele queria, nem perto disso, mas não respondia mais por seus atos.

Ele apenas bateu a porta do reservado.

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