sexta-feira, 18 de junho de 2010

Seis - Estranho

Débora e Ana foram cumprimentar Selton, para tentar amenizar o deslocamento do garoto. Rafael, porém, não se sentiu inclinado a tanto. Quando Débora puxara Ana pelo braço e os chamara para cumprimentar o garoto, Rafael gritou instintivamente:

- Não!

Só então percebera que tinha feito besteira. As duas meninas olharam assustados, como se tivesse sugerido ao amigo que se sentasse na cadeira elétrica. Tinha que concertar a burrada o mais rápido possível.

- Eu vou voltar para a sala, aproveitar o intervalo e estudar probabilidade. Só vim na cantina para tomar um refrigerante – Rafael sabia que fora pouco convincente, mas foi o máximo que conseguira diante do nervosismo.

Ana analisou o amigo e percebeu que ele estava mentindo.

- O que foi, Rafa? – perguntou.

- Nada. Você sabe que preciso estudar matemática. Te falei que não estou entendendo a matéria, lembra? – aumentou.

- Vamos, Ana! – Débora chamou ansiosa. – O Rafa fala com o Selton depois. Ele é da nossa turma mesmo...

Rafael não conteve a surpresa:

- O quê?

- Éh! Eu fui com ele a secretaria e ele foi para a nossa turma. Legal, não é? – Débora disse toda animada.

Rafael ficou calado, processando aquela informação. Talvez fosse ter mais problemas do que tinha pensado.

- Vão lá, porque eu vou para a sala. A gente se fala depois.

E, assim, Rafael escapou de ter que ir falar com Selton. Mas não foi estudar. Até tentou, mas não conseguiu. Ficou na porta da sala observando de longe Selton, Ana e Débora conversando. Pensou: “o que foi que me deu?” Porque tinha reagido com tamanho desespero diante da possibilidade de simplesmente ir falar com Selton? E, mesmo, de longe ainda podia sentir um frio na espinha apenas de olhá-lo. Lembrou-se de quando era bem novinho, criança mesmo, e ficava ansioso quando estava perto das menininhas por quem era apaixonado.

Ele mesmo não notou o sorriso que dera ao ver Selton rir. Era um sorriso mais educado do que de alegria, Rafael podia ver que Selton ainda se sentia ameaçado pelo novo ambiente. Rafael achou fofo.

“Fofo?! Droga! O que estou fazendo?!” repreendeu-se ao notar que estava “babando” por um garoto que, aliás, ele nem conhecia! “Droga!” Quando aquela confusão acabaria?!

Rafael se virou para voltar a sua carteira e, de tão brusco, não viu que havia alguém vindo na sua direção. Rafael trombou feio com Guilherme.

Nenhum comentário:

Postar um comentário