sexta-feira, 18 de junho de 2010

Quinze – Visita Inesperada

Após o almoço, Rafael foi para o quarto, colocou um cd de pop rock que ele tinha gravado e foi dormir um pouco. Mal conseguira pegar no sono, pensara em tudo o que ocorrera naquele dia. A sua prova de probabilidade foi um desastre completo, a chegada de Selton abalou totalmente suas estruturas e ainda tinha que enfrentar a chance de Guilherme o colocar contra a parede em relação a sua sexualidade.

Aliás, nem ele mesmo sabia direito o que sentia. Como poderia esclarecer uma situação a um estranho se não podia esclarecer para si próprio?! Contudo, Guilherme não se abalaria por isso. Usaria nem que fosse sua desconfiança para conseguir o que quisesse. E o que ele poderia querer? Talvez o usasse como ponte para chegar em Ana, o que fazia bastante sentido... Mas estava tranqüilo, pois não seria a primeira vez que ele tentaria ficar com Ana, e em todas elas, o resultado foi o mesmo: falhou miseravelmente. Logo, Guilherme deixaria de ser um problema.

Ele esqueceu aquele assunto e começou a pensar em outros, tentando relaxar a mente para conseguir tirar o costumeiro cochilo da tarde. Imaginava outras coisas, outros mundos, outros tempos, inventava histórias em sua cabeça para se distrair e conseguir pegar no sono. Por vezes, pensou em Selton e, inevitavelmente, seu coração palpitava e o corpo sentia um frio estranho. Quando se dava conta, direcionava o pensamento a um outro assunto e conseguia relaxar de novo.

Ficou nessa por bastante tempo; quando estava pegando, realmente, no sono. Ele ouviu a campainha do interfone tocar. O coração disparou ao pensar que poderia ser Selton, mas logo, censurou-se: não seja idiota! O que ele faria aqui a essa hora?

Voltou a pousar a cabeça no travesseiro e a fechar os olhos, para recuperar a fagulha de sono perdida. Logo, uma escuridão frágil o envolveu num sono leve demais, mas suficiente para perder a noção do tempo. Acordou assim que ouviu os passos do irmão indo ao interfone e a voz dele à distância. Respirou fundo, e voltou a ter seus pensamentos tranqüilizantes. Ou, pelo menos, tentou. Alex estava subindo as escadas e vindo em direção ao seu quarto. Ele bateu à porta.

- Rafa, tem um amigo seu lá embaixo!

- Amigo meu? - espantou-se.

- Éh! Um tal de Nelson... - respondeu sem muita certeza.

Rafael quase berrou:

- Selton?

- Isso! Falei com ele para entrar, que ia ver se você estava acordado.

Só pode ser brincadeira!, pensou o garoto, sobressaltado. O que faria? Por que Selton teria ido visitá-lo?

Rafael tentou se acalmar e disse:

- Fala com ele que já estou descendo. Só vou lavar o rosto.

- Beleza.


Nenhum comentário:

Postar um comentário