Rafael não tinha certeza de quando começara a se sentir daquele jeito. Os pensamentos mais explícitos surgiram por volta dos onze anos, logo que entrara na puberdade e os assuntos de romance – e sexo – se tornaram mais urgentes; mas, quando fazia um retrocesso, tinha a impressão de que aqueles sentimentos sempre estiveram ali. Sempre se pegava olhando as pernas dos garotos, torneadas pelas inúmeras peladas de fim de semana ou braços e peitorais esculpidos por horas
Desde que percebera que gostava de olhar os corpos dos colegas no vestiário, passou a enrolar e demorar no chuveiro, assim, quando saísse, já não haveria mais ninguém no banheiro para olhar, afinal de contas, não era viado! Até o dia
Depois daquele dia, as olhadas inofensivas para homens se tornaram um tormento. Sentir aquela euforia, aquela emoção não lhe parecia certo. Junto com o prazer de vê-los e desejá-los, vinha a culpa, uma tristeza fria que o acometia todas as vezes que ficava sozinho pensando nos amigo gostosos. Não queria ser um viado, uma bicha! O que seus amigos diriam se descobrisse que ele podia ser gay? E se acabasse andando por aí, rebolando e falando fino? E sua mãe? Tinha muito medo do que ela poderia pensar de um filho homossexual. Temia ser excluído, perder o respeito que nem conquistara.
Decidiu que esperaria tudo aquilo passar, afinal de contas, uma parte dele também gostava de meninas. Com sorte, aqueles sentimentos eram passageiros, apenas uma confusão da adolescência. Pelo menos, era o que esperava... “Não sou viado!”, repetia para si mesmo toda vez que divagava. “Não sou!”
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