sexta-feira, 18 de junho de 2010

Dezoito - Dúvidas

Foi um dia proveitoso, Rafael pensou quando chegou em casa e deitou-se na sua cama. Não podia explicar porquê, mas estava transbordando felicidade. Descobrira muitas coisas de Selton, conversaram bastante. Havia uma amizade promissora naquela relação. Pena que é só amizade. Então, ao perceber o pensamento, irritou-se: Pare com isso, ele é um garoto! Não há motivo para pensar que ele ia querer alguma coisa com você, a não ser amizade! E se não se comportar nem isso ele vai querer de você!

Mas sabia que tentar conter seu desejo era, no mínimo, idiotice. Por mais que se policiasse, sempre se pegaria olhando para garoto e que aquele desejo estranho e errado que sentia por Selton não sumiria só porque estava brigando consigo mesmo.

Droga! Pare com isso! Tente ser normal! Seja apenas amigo dele!

Era tão ruim se sentir daquele jeito... Queria ser normal, queria gostar mais de garotas, queria parar de secar os amigos do colégio! Queria levar uma vida normal, sem ter que sufocar seus sentimentos, sem ter que se esconder.

Já havia pensando em pedir à mãe para iniciar um tratamento com um psicólogo. Quem sabe não conseguia deixar de ser daquele jeito e se sentir menos culpado? Mas o que diria a mãe? Para ela, Rafael era normal, não sofria de nenhum problema mental, nem depressão, nem nada do gênero. Sabia que o filho tinha algumas crises estranhas de melancolia, mas quem não tinha? Ainda mais numa época tão confusa da vida... Então, quando ponderara sobre o que dizer a mãe, desistiu.

Outra alternativa foi confessar a alguém sobre o que se passava dentro de sua cabeça - e das veias, quando os hormônios ardiam - mas jamais teve coragem de contar, nem à Ana, que era a sua melhor amiga, sobre esse desejo maldito! Temia o que ela poderia achar e até virar as costas pra ele! E Rafael, realmente, não queria perder a única amizade verdadeira que tinha por causa de seus conflitos, afinal, ele era adolescente! Não queria criar problema por causa de suas mudanças hormonais! Esperava, do fundo do coração, que, quando chegasse à idade adulta, tudo se resolvesse e ele pudesse ser normal.

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