sexta-feira, 18 de junho de 2010

Vinte e Cinco – Débora

Ana ainda conversava com Selton banalidades, como alguns aspectos de Juiz de Fora, outros de Brasília, curiosidades de família e etc... estavam se dando bem. Outros colegas de turma entraram e alguns cumprimentaram Selton discretamente, com um pequeno aceno ou um “oi” baixo. A única que o cumprimentou entusiasmadamente foi Débora, que assim que cruzou a porta da sala e pôs os olhos em Selton, abriu o sorriso mais aberto que ele já tinha visto alguém sustentar.

- Selton! Bom dia!

Ana se sobressaltou com a voz da amiga soando alto pela sala.

- Bom dia! – ele respondeu o sorriso, meio confuso.

- Bom dia, Débora – Ana disse, espetando a amiga, que respondeu com um abraço e um beijo no rosto.

- Gente, dia frio esse, não é? Queria ter ficado mais na minha cama. – a garota disse, ajeitando sua mochila e fichário rosa florido, na mesa bem atrás de Selton.

- Todos nós – Selton comentou.

- E então, já conhece a cidade? – Débora perguntou, sentando-se em sua carteira.

Ana não ousou dizer nada; apenas observava atentamente o modo como Débora se comportava, falava, gesticulava. Achava-a uma ótima pessoa, mas não sabia ser sutil – ou talvez nem quisesse.

- Ainda não tive tempo. Muita coisa pra arrumar, mas o Rafa já me chamou pra dar uma volta assim que aparecer tempo.

- Hum... e onde vocês vão? - ela perguntou – Tem tanto lugar legal pra se ver em Juiz de Fora.

- Não exagera, né, Débora – Ana falou, séria.

- Eu estou falando sério. Tem cinema, um monte de boate legal, shopping...

- Museus, parques,... bibliotecas – Ana falou, cortando o assunto da amiga, já imaginando quais eram suas reais intenções.

- Quem quer saber de museu quando se tem tanta coisa melhor pra fazer... – Débora rechaçou, fitando Selton. – Não acha, Selton?

O garoto sorriu, impressionado.

- Concordo – ele disse, percebendo que não tinha muito o que responder, mas visivelmente sem jeito.

- Gosta de dançar, Selton? – Débora perguntou.

- Claro!

- Viu! A gente combina um dia desses de sair pra dançar.

Ana balançou a cabeça em reprovação, mas nem Selton nem Débora perceberam.

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