terça-feira, 22 de junho de 2010

Onze – Escolha

A aula terminou mais dez minutos mais cedo, porque o professor de geografia física os liberou antes do sinal. Era comum ele fazer isso, quando terminava de dar a matéria programada para o dia e não havia tempo para começar a próxima. Sem necessidade de correr para pegar o ônibus, Rafael não se apressou para sair. Ana por outro lado...

- Vamos, Rafa! – ela disse, nervosa ao lado do amigo – Quero aproveitar e passar na papelaria.

- Pode ir na frente, Ana – Rafael disse, percebendo a urgência da amiga – Qualquer coisa a gente se encontra no ponto.

- OK. Até daqui a pouco. – Ela estava mesmo desesperada pra ir à papelaria, porque ela mal se despediu e sumiu no meio da multidão que ainda se movimentava para fora da sala de aula.

Rafael terminou de arrumar seu material e procurou por Selton, para descerem juntos, mas ele já não estava mais ao seu lado. Olhou rapidamente para a porta e seu sangue ferveu quando o viu saindo, acompanhado de Débora.

- Eu mereço – reclamou.

Levantou-se e seguiu para a porta, a passos rápidos, querendo alcançá-los. Quando passaria pela porta, Guilherme apareceu bem na sua frente. Rafael deu um passo para trás, alarmado.

- Você não se cansa de aparecer feito um fantasma na minha frente, não?! – Rafael perguntou, irritado.

- Nem um pouco – Guilherme riu, cinicamente. Ele olhou para fora do corredor, fingindo procurar alguém – Ela pode ser realmente irritante.

Era óbvio de quem ele estava falando.

- Não tanto quanto você...

Guilherme ergueu as sobrancelhas, impressionado.

- Perguntou pra Ana se eu posso entrar no grupo de vocês? – ele perguntou, mudando de assunto.

- Eu tinha alguma escolha?

- Claro que tinha! Todos nós temos uma escolha, Rafa. E o que ela disse?

- Você pode fazer o trabalho conosco. Satisfeito?

Nesse instante, um celular começou a apitar. Guilherme enfiou a mão no bolso do da calça e tirou o telefone, encarou a tela com uma expressão fechada, apertou algumas teclas e por fim, guardou o celular de volta no bolso. Quando voltou a encarar Rafael, sua expressão de divertimento tinha desaparecido.

- Nem perto disso. Me avise quando vocês forem se reunir para fazer o trabalho – e sem esperar a resposta de Rafael, saiu, quase correndo pelo corredor.

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