domingo, 25 de julho de 2010

Quatro - Banho

Rafael e Selton conseguiram fazer um lanche e subiram para o quarto, aos beijos, de mãos dadas, abraçados, quase tirando as bermudas pelo caminho. Os dois dividiam a felicidade síncrona, perfeita, engolfados em sorrisos e palavras meio ditas entre línguas. Concordaram que já tinha passado da hora de tomarem um banho. Chegaram no quarto de Rafael e se despiram, sempre trocando olhares e sorrindo.

No banheiro, Rafael teve a primeira oportunidade de olhar para o corpo de Selton, como viera ao mundo. Foi uma sensação quase mágica poder colocar os olhos num homem nu sem ter que medir esforços ou ficar atento pra não ser percebido; poder olhar a vontade. As canelas de Selton eram cobertas de pêlos compridos e lisos, mas as coxas não era tão peluda. Ele só voltava a ter pêlos em abundância no púbis, e Rafael achou curioso perceber que eram... “aparados”? Seu abdômen não era liso, seus pêlos eram apenas finos demais para serem reparados. Selton tinha um corpo lindo.

- O que foi? – Selton perguntou.

- Só estou reparando em você.

- Gostou? – e deu uma voltinha.

- Adorei.

Foram para o chuveiro. Rafael ignorou completamente o calor da água caindo sobre ele e se ligou apenas no contato do seu corpo com o dele. Trocaram muitos carinhos debaixo d’água, ficaram abraçados, sentindo o corpo um do outro pulsar.

Com cuidado, Rafael ensaboou todo o corpo de Selton e pôde, enfim, admirar um corpo masculino com calma e tranqüilidade. As pernas, os braços, o tórax e o abdômen, a cintura reta, os “gominhos” do tanquinho. O rosto dele, aquele sorriso aberto, feliz. Não dava pra acreditar, ainda parecia um das centenas de sonhos que tivera. Enquanto sua mão escorregava sobre a pele coberta de sabão, ele sentiu a firmeza do corpo de Selton.

- Cuidado. Não deixa o sabonete cair, hein - disse Selton, sorrindo.

- Engraçadinho.

Depois foi vez Selton ensaboar Rafael e o fez com o mesmo carinho. Tateou cada pedacinho do corpo dele, antes de passar o sabonete, o beijou pele. Levantou-se e o abraçou forte. Rafael ficou meio sem entender, mas não esquentou, retribuiu o abraço e tocou-lhe a pele com os lábios, enquanto água lava a espuma da pele.

- Que foi cara?

- Nada, Rafa; só quero sentir o seu abraço.

Rafael não fez mais nada a não ser abraçar Selton, então. Apertou-lhe um pouco mais.

- Vamos sair. Quero aproveitar mais você – Rafael disse.

- Vamos - disse Selton se desvencilhando do abraço e passando a mão no cabelo pra tirar o excesso de água - Também quero sentir o seu corpo colado no meu.

Rafael fechou o registro e puxou a toalha, para se secar.

- Espera aí, vou pegar uma toalha pra você - enrolado na toalha, ele voltou ao quarto, abriu o guarda-roupa e tirou outra de uma das gavetas. Voltou ao banheiro e encontrou Selton encolhido entre os braços, tremendo um pouco; o banheiro estava imerso em fumaça esbranquiçada.

- Pra você - disse entregando-lhe a toalha.

- Obrigado - respondeu Selton olhando-o nos olhos, com intensidade - Ei! Isso tá errado! Eu que tenho que te secar! - e tomou a toalha das mãos de Rafael e começou a enxugá-lo, com cuidado e suavidade, como se secasse um bebê. Passou a toalha por todo o corpo albino de Rafael e ficou maravilhado em ver o quanto ele era claro, do jeito que ele gostava - Pronto. Agora é a sua vez de me secar.

Rafael sorriu para ele e pegou sua toalha. Tocou-lhe o corpo molhado com cuidado, tirando as gotas que escorriam pelo corpo, e por um momento teve inveja delas, por estarem o mais perto que era possível de Selton.

- Sequinho - disse ao terminar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário