quarta-feira, 21 de julho de 2010

Trinta e Três - Sorte

Depois que a tempestade caiu, a festa da amiga de Carla praticamente acabou. Alex e Rodrigo acharam que os outros convidados só não foram embora porque não queriam se arriscar a se ensoparem naquela chuva torrencial, já que a maioria não estava de carro e esperar no ponto ônibus era pedir pra tomar banho.

Por muita insistência de Rodrigo, Alex só ficou apenas mais alguns minutos, esperando a chuva estiar um pouco para levá-lo pra casa. Ele já sabia o que o soldado tinha intenção de fazer. Quando foram para o carro, tiveram que correr, para não se molharem muito, mas foi impossível, a chuva estava mais forte de que parecia e ficaram bem molhados.

Foram Alex e Carla na frente e Rodrigo e Laura nos bancos de trás, os quatro conversavam, mas Rodrigo mal via a hora de chegar em seu apartamento, já que Laura tinha concordado em subir com ele – consciente ou não do que poderia acontecer.

Foi uma viagem longa, porque o trânsito estava complicado em algumas ruas por causa de semáforos pifados durante a tempestade, sem mencionar que Alex tinha a controversa habilidade de dirigir com mais cuidado quando tinha álcool no sangue.

- Cabo, valeu pela carona – Rodrigo disse, quando o amigo estacionou o carro perto da entrada de seu prédio.

- Que isso, soldado. Sempre as ordens.

- Obrigada, gente – Laura disse, enquanto saía – Ana, a gente se fala amanhã?

- Claro.

- Boa noite pra vocês – Alex disse.

Rodrigo saiu em disparada em direção ao portão de seu prédio, enquanto a chuva caia pesada em sua cabeça; procurava rapidamente a chave do portão de entrada, para Laura não pegasse tanta chuva. Portão aperto, ela saiu do carro, correndo, com a bolsa erguida sobre a cabeça, tentando diminuir inutilmente a quantidade de chuva que tomava. Tão logo ela passou pelo portão, Rodrigo foi atrás, procurando abrigo.

Os dois subiram as escadas do prédio em silêncio, talvez por não saberem o que dizer, mas sempre de mãos dadas. Ambos estavam molhados dos pés a cabeça, a água começando a esfriar o corpo, causando-lhes arrepios.

- Nossa! Que chuva! – Laura disse, de repente.

- Éh! E veio do nada – Rodrigo completou.

As chaves já estava na mão de Rodrigo, e não foi difícil achar a de casa. Ela abriu a porta, esticou a mão até o interruptor para acender a luz e a deixou entrar primeiro.

- Apartamento legal – ela disse, avaliando rapidamente a sala – Cozinha americana.

- Èh! O dono achou que daria mais espaço na cozinha. Espera aqui, eu vou buscar uma toalha pra você e uma camisa seca.

- Ok.

Rodrigo foi rapidamente ao seu quarto, verificar se não havia nada que pudesse estragar aquela noite, como uma camisinha já usada – certamente não por ele. Lembrou-se que tinha uma no lixo do banheiro, e teria que cuidar dela depois. Pegou uma toalha no seu guarda roupa e uma blusa de moletom cinza.

- Aqui. Uma toalha e uma camisa.

Quando chegou na sala Laura estava de costas para ele, a blusa encharcada jogada no chão, somente os cabelos castanhos cobriam-lhe as costas arqueadas. Rodrigo ficou surpreso ao encontrá-la seminua na sua sala. Mas afinal de contas era pra isso que eles estavam ali.

- Obrigada. Já estava ficando com frio.

Que blusa que nada. Rodrigo esticou a toalha seca e jogou-a sobre as costas da garota e então a abraçou por trás. Ouviu ela suspirar baixinho.

- Você não pode ficar com essas costas desprotegidas...

Seus cabelos estavam molhados, unidos em mechas finas. O perfume do pescoço dela subiu-lhe as narinas, inebriando-lhe. Era um perfume diferente do que ele estava acostumado, era um cheiro suave, adocicado. Laura se aconchegou em seus braços, encostando a cabeça em seu peito. Rodrigo deu um beijo leve no pescoço de Laura, no pé do ouvido. Há quanto tempo, ele não sentia aquilo? Meses! A sutileza da pele feminina, da fragilidade do corpo, da pequeneza. Ele a virou e a beijou, passando a mão em seu corpo, subindo pelas suas costas procurando o fecho do sutiã. Esperava certa resistência, mas não. Laura queria também estar com ele. Rodrigo a empurrou lentamente, com o corpo, ainda abraçando-a, em direção ao sofá. Segurou-a pela cintura, para que ela não caísse e a deitou, jogando com cuidado seu peso sobre ela. Sempre beijando-a, alisando-a, acariciando-a. Tirou a camisa molhada, jogando-a para longe. Seus corpos estavam frios, arrepiados, uma sensação totalmente diferente do que já tinham experimentado. “Isso é sexo de verdade”, Rodrigo pensou.

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