quinta-feira, 15 de julho de 2010

Vinte e Quatro - Ordem

Alex subiu os andares do prédio de Rodrigo. Estava animado porque algumas coisas eram, como o cometa Harley, só aconteciam depois de muito tempo. Naquele sábado, que não tinha nada de especial, ele foi convidado por Carla para uma festa de uma amiga. Alex que sabia que Rodrigo não ficava com ninguém há muito tempo, achou que seria a oportunidade perfeita para arranjar uma garota, assim ficaria mais fácil de saírem juntos, já que ele não teria que ficar com o papel constrangedor de vela.

Bateu à porta do pequeno apartamento e ouviu lá de dentro:

- Já vai!

- Anda logo, soldado!

Mais uns momentos e Alex ouviu o barulho da chave.

- Fala, cabo – disse, apertando-lhe a mão. Vestido apenas de cueca, Rodrigo estava cansado, esgotado, amuado. Não. Era mais que isso – Entra.

- Que isso, cabo? Foi atropelado por um caminhão? Você está acabado!

- Nada! Só uma noite mal dormida.

- Ih, soldado! Anima aí! Tenho uma festa pra gente ir, cheia de gatinha pra você pegar.

Rodrigo virou para o amigo, com uma expressão desanimada.

- Sinceramente, cabo. Não estou com clima pra festa, não? – e realmente estava cansado demais para festa, mulheres. Tenente Gomes tinha esgotado todas as suas forças.

- Fala sério, soldado! Faz quanto tempo que você não sai pra pegar mulher? Faz quanto tempo que você está na seca?!

“Quatro horas...”, Rodrigo pensou.

- Sério, cabo. Estou animado, não – Rodrigo foi à geladeira e pegou um copo de leite.

- O que está acontecendo, soldado? Já faz um tempo que você anda pra baixo.

“Você também estaria pra baixo, se um cavalo estivesse te comendo como se você fosse uma prostituta barata e ele fosse embora sem mal dizer um tchau!”

- Nada.

- Vamos, soldado. Coloca uma calça, uma camisa e o tênis! Vamos, logo! É uma ordem! – Alex disse, puxando o amigo pelo braço e o empurrando para o quarto, sem se importar com o copo de leite cheio em sua mão – Enquanto você se arruma, eu vou tirar uma água do joelho.

Rodrigo suspirou cansado. Pela primeira vez na vida, sentiu o toque de Alex sem que sua pele se arrepiasse. Não por falta de atração ou porque sentisse alguma coisa por Gomes. Era puro desânimo.

Pegou uma calça jeans qualquer no pequeno guarda-roupas e um par de meias na gaveta embaixo da cama. Quando estava pegando o par de tênis, Alex apareceu na porta do seu quarto.

- Ah! Seu safado! Agora eu sei porque você anda esgotado! – ele disse, com um sorriso maroto – Quem que você anda traçando?!

- O quê?!

Foi então que ele viu Alex segurando pelas pontas dos dedos (quase pelas unhas) a camisinha amarrotada, ainda cheia de sêmen. “Puta que pariu!”, Rodrigo pensou. “Ele acha que eu usei essa camisinha!”

- Cara, larga isso!

- Fala, soldado! Com quem você usou essa camisinha!

“Você não faz idéia...”

- Uma garota aí, cabo! Agora larga esse troço!

- Ela deve ser muito gostosa, porque você gozou pra caralho aqui dentro! – Alex zoou, achando ainda mais graça da vergonha estampada na cara do amigo, sem imaginar o tamanho do equivoco que estava cometendo.

- Joga isso fora, cabo!

- Ok. Mas só porque já está ficando nojento – e voltou ao banheiro – Quem é ela, soldado? – Alex perguntou enquanto lavava as mãos.

- Já disse, cabo – Rodrigo respondeu, aliviado – Uma garota aí.

- Garota de programa?

- Não, cabo.

Alex voltou do banheiro e se encostou na porta, esperando o amigo terminar de se arrumar.

- Fala mais, soldado. Ela é gostosa?

Rodrigo pensou:

- Éh! Muito! – respondeu, cortando o amigo. Tinha terminado de colocar a camisa – Vamos, cabo. Já estou pronto – esperava que Alex parasse com o interrogatório, pois não queria falar mais de sua vida sexual.

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