Terminaram o delicioso almoço, e enquanto seguiam para o carro de Pablo, que estava estacionado ali perto. Quando chegaram, ele a chamou para darem uma volta.
- Eu não posso, Pablo. Ainda tenho muita coisa pra fazer – ela disse.
- Com certeza, tem! Mas faz quanto tempo que você não sai pra se divertir.
- Eu saio pra me divertir – Sueli mentiu – Muito, aliás.
- Sério? Já que você se diverte tanto, porque está dando atenção a um “garoto”? – Pablo inquiriu.
Sueli hesitou:
- Não é porque eu estou entediada. Só...gosto da sua companhia.
- Vamos... a gente dá uma volta num shopping, conversa... A gente tem um bom papo, não tem?
- Sério, Pablo – Sueli o interrompeu, claramente incomodada com a insistência - Tenho muito trabalho pra fazer ainda. E já não sei se ter saído com você foi uma boa idéia.
Pablo parou, sentindo a força das palavras de Sueli, como quem se depara com uma caixa mais pesada do que pode carregar.
- Desculpe se fui inconveniente. É que, como você disse, gosto da sua companhia – ele disse, abaixando a cabeça, enquanto procurava as chaves no bolso.
- Você deveria estar procurando a companhia de alguém da sua idade, Pablo! Ou acha que não percebi que você está interessado em mim, que esses cafezinhos e almoços são puramente amigáveis?!
- Não nego que estou. Mas o que isso tem a ver com idade, Sueli? – Pablo argumentou.
- Você deve ter a idade do meu filho mais velho, Pablo! Percebe como isso é estranho?
Pablo estava prestes a responder, quando parou para pensar no que ela tinha falado.
- Espera. Você também está interessada em mim... – deduziu.
- O quê?! Do que você está falando?! – Sueli disse, desconcertada.
- Você não disse que não está interessada
“Maldito advogado!”, Sueli pensou, arrependida de falar sem pensar.
- Não alimente falsas esperanças, Pablo. Você é um rapaz bonito, inteligente, bem sucedido. Deveria procurar alguém com quem tenha chances reais.
Sueli esperou resposta. Qualquer resposta. Ela não veio. Pablo a mirou com um olhar tristonho, enfiou a chave na porta do carro e sentou no banco do carona. Sueli suspirou, cansada daquela discussão, arrependida de ter dado trela para um garoto. Ajeitou sua bolsa no ombro e saiu pela rua, pensando em pegar um ônibus ou um táxi.
- Ei! Onde você vai, Sueli?! – Pablo saiu do carro e gritou quando percebeu que ela estava indo embora.
- Vou embora.
- Me deixa pelo menos te levar pra casa!
- Não precisa, Pablo. Obrigado pelo almoço.
- Espera! – Pablo pediu. Ela não lhe deu atenção. Ele ainda podia ir atrás de Sueli, mas também não sabia se queria sua companhia naquele momento.
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