segunda-feira, 28 de junho de 2010

Vinte e Seis - Arrependimento

O barulho da água caindo era insuportável. Alex tinha fechado a porta do banheiro para tomar seu banho, bem cedo, quase cinco da manhã, afinal, tinham dois homens pra se arrumar para não se atrasarem.

Rodrigo, encostado no batente da porta, de braços cruzados, se remoia por dentro. Nem mesmo o álcool e o tesão foram suficientes para fazer o que há anos desejava. Quando, delicadamente, conseguiu abaixar a cueca de Alex durante seu sono com o caminho livre e desimpedido para realizar sua mais louca fantasia, simplesmente não teve coragem. Fraquejou o último segundo. Repensou o que estava fazendo e temeu que, ao acordar, Alex percebesse o que havia acontecido e se enfurecesse, principalmente com todas as questões sobre a sexualidade do irmão, a angústia de não saber o que fazer. Em qualquer outra noite poderia ter acontecido, mas naquela, Rodrigo ficou com medo do amigo ter alguma reação violenta e, uma única vez na vida viu Alex bater em um cara. Dizer que a vítima foi partida ao meio seria pouco.

No fundo, apanhar de Alex era o que menos o preocupava. Perder amizade dele era o que podia acontecer de pior.

Amizades nunca significaram muito em sua vida, por isso era fácil transar com amigos héteros, aproximava-se deles apenas pra isso. OK, aproximou-se de Alex pelo mesmo motivo, mas com o passar do tempo as oportunidades foram passando e acabou criando um vínculo verdadeiro com ele. Talvez nunca mais houvesse outra oportunidade, nem devesse haver. Algumas coisa não devem ser mudadas.

- Pegou sua tolha, Cabo? – Rodrigo gritou da porta.

- Ih, soldado. Peguei não. Traz aí pra mim.

Rodrigo pegou a mochila do amigo, levou a toalha e pendurou-a na maçaneta do lado de fora.

- Está na porta, Cabo.

- Fala sério, né, Soldado. Está com vergonha? Dá a toalha aqui!

“Não é vergonha, Cabo. È tesão.”

Respirando fundo, ele abriu a porta e pendurou no gancho perto do Box. O banheiro era proporcional ao restante do apartamento; ou seja, minúsculo. O Box não tinha nem porta nem cortina de plástico, era completamente aberto, o que fazia molhar todo o cômodo quando alguém o usava.

Lá estava Alex, seu objeto de desejo, todo ensaboado, tirando o xampu do cabelo. Era impossível não olhar pra tal monumento a beleza.

- Aqui a toalha.

- Valeu.

Então, numa olhada muito oportuna, Rodrigo viu algo que não poderia escapar jamais. Em cima da bancada da pia, Alex tinha deixado a cueca usada, antes de entrar para o banho. Rodrigo olhou para Alex, que ainda estava de olho fechado. Ele ficou imaginando que cheiro teria, uma coisa que ficou o mais próximo possível do saco de Alex. Seus pensamentos não foram muito bem calculados, o instinto sexual falara mais alto agora. Num movimento rápido, simplesmente pegou a cueca e saiu.

- Demora não, Cabo – ele disse, para disfarçar.

- Já estou saindo, Soldado.

Rodrigo bateu a porta e entrou para seu quarto. Ali, a salvo da vista de Alex, agarrou a cueca e a esfregou no rosto, inspirando fundo, o perfume de amaciante e levemente de suor. Mesmo que o perfume erótico fosse ínfimo, disparou uma reação explosiva em Rodrigo. Delirante, ele podia quase sentir o que aquela cueca conteve com dificuldade alguns minutos atrás. Suspirou, descendo a mão pelo seu corpo enquanto se deliciava com aquele pedaço de pano. Seu pau estava em riste há muito tempo, desde que percebera a oportunidade de guardar um souvenir. Por dentro da calção, começou a friccionar a pele do seu pau, duro feito rocha, suas bolas, imaginando estar com o nariz nos pêlos de Alex, com aquele saco cavalar espalhado em seu rosto.

- Soldado, já terminei aqui!

A voz de Alex surgiu de súbito. Rodrigo tomou um susto, e rapidamente parou de se masturbar e guardou a cueca do amigo no bolso. “Ele me pegou”, era o pensamento em sua mente alarmada. Mas não, Alex tinha saído do banheiro direto para a sala. Aliviado por não ter sido pego em flagrante, Rodrigo disse:

- Já vou, Cabo.

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