quarta-feira, 28 de julho de 2010

Nove - Uma Noite

O dia já estava claro. Mas a sala estava imersa numa escuridão pesada, graças as cortinas grossas nas janelas, providencialmente arranjadas para impedir que a luz do dia atrapalhasse as manhãs de folga. No entanto, as cortinas nada poderiam fazer pela sua inconstância enquanto dormia. Envolvido pelo sono e mumificado pelo lençol, Rodrigo virou o corpo, inconsciente do fato que não estava na sua cama e, sim, na beirada do sofá. A gravidade fez o resto. Com um baque surdo, ele se chocou com o chão frio, despertando, confuso e com o ombro dolorido.

“Caramba, como vim parar aqui?”, pensou, habituado ao fato de dormir quase sempre na sua cama.

Aos poucos, os fatos da noite anterior foram emergindo de sua memória nublada pelo sono e se lembrou porque tinha dormido na sala: Laura. Flashes vividos percorriam sua mente. Os beijos trocados, as carícias, os corpos nus. O sexo! Memorável sexo! Fazia muito tempo que não tinha uma transa tão boa quanto aquela. Aliás, aquela colocava todas as outras no chinelo, mesmo com homens. “Talvez esteja no ramo errado...”

Levantou-se, enrolado no lençol que tinha pego depois a pedido de Laura para dormirem no sofá. E por falar nela, onde estava?

- Laura!- Rodrigo chamou. Seu apartamento parecia vazio. Ele foi ao banheiro, onde mais provavelmente ela estaria, e não encontrou ninguém. Deu uma espiada rápida em seu quarto, mas ela também não estava lá. Voltou à sala, pensando que Laura já era crescidinha demais pra brincar de pique-esconde – Laura! - e reparou bem no cômodo. No chão, só estavam as suas roupas, tiradas quase às pressas, horas atrás. Pegou sua calça e camisa, tirando-as do chão, ainda com os olhos atentos para achar qualquer coisa que fosse de Laura. Revirou as almofadas do sofá, sacudiu o lençol, mas nada, nem um pedaço de pano. “Ela conseguiu levar até os brincos...”, impressionou-se.

Ficou jogado no sofá, pelado e com cara de bobo.

- Ela foi embora...

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