sábado, 31 de julho de 2010

Quinze - Finalmente, Compartilhando

Rafael espumando como um cão raivoso, seus passos quase partiram os degraus da escada ao meio. Incrível como Alex podia melar toda a sua felicidade! Ana, que o seguia de perto, achou graça do estresse do amigo.

Os dois entraram o quarto do garoto e ele fechou a porta.

- Se acalma, Rafa.

- O Alex me irrita, Ana!

- É a função dele de irmão.

- Sorte sua, ser filha única!

- Ok. Mas me conta logo! O que aconteceu que você está desse jeito! Parece que está até brilhando!

Rafael se acalmou, como se um anjo tivesse soprado em seu ouvido e feito toda a raiva sumir de sua pequena cabecinha. Não sabia direito por onde começar. Então, achou justo e óbvio, começar do começo:

- Depois da festa, cheguei em casa e me tranquei no quarto, fiquei me lamuriando, chorando e tudo o mais - disse, achando-se idiota por ter passado por aquilo.

- Conheço o ritual - disse Ana entediada - Continue.

- Então. Só que na festa, eu tinha derramado cerveja no Selton e molhei a camisa dele toda. Aí, emprestei uma camisa minha que estava sobrando.

- Você está me enrolando!

- Calma! Bem, aí, de noite, ele veio me devolver a camisa. Quando, entrei, eu não bati o portal da frente e, como ele é quase de casa, ele veio sem bater. Como não tinha ninguém no andar de cima, ele subiu, veio pro quarto e me viu chorando.

Ana ficou surpresa:

- Sério!

- Aham! Aí, ele ficou preocupado, me perguntou um monte de coisas. Ele achou que eu estava assim por sua causa...

- Minha causa?!

- Éh! Essa maldita história de que a gente fica. Ele achou que eu estava mesmo afim de você, só que você não estava afim de namorar comigo e estava me enrolando!

Ana riu alto.

- Como esse povo viaja!

- Pois é! Falei que não era nada daquilo. Aí, ele achou que eu estava a fim da Débora e se desculpou por ter ficado com ela e disse que pra ele tinha sido só uma ficada e nada mais.

- Eu não disse!

- Disse - Rafael admitiu. Incrível como as pessoas diziam aquilo com tanto prazer - Quando ele falou isso, fiquei mais aliviado. Sei lá, tirei um peso das costas! Imaginei que ia ver os dois todo dia na escola, abraçados namorando, feliz para sempre!

- Por isso você está desse jeito. Só porque ele disse que não tinha nada com a Débora.

- Não! O melhor ainda está por vir!

- Então conta logo de uma vez, porque não estou mais me agüentando!

Rafael tomou fôlego. Estava chegando na parte que realmente importava.

- Quando fiquei mais aliviado, não sei o que me deu, só sei que contei que gostava dele.

O queixo de Ana foi ao chão!

- Você se declarou pra ele?

- Sim.

- E ele? - perguntou Ana, mal se segurando na cadeira.

- Me beijou.

- O QUÊ?!!

- Ele me beijou! Simplesmente, pulou em cima de mim e me beijou - disse Rafael sorrindo, não conseguiria esconder sua felicidade nem se quisesse.

- Ele te beijou, assim, só de você dizer que era afim dele?

- Aham! Aí, ele me pediu desculpas por ter ficado com a Débora na minha frente, falou que também era afim de mim, mas que tinha desistido depois que falei que não era gay e que tinha ficado chateado pelos comentários do Guilherme.

- Eu nunca ia desconfiar dele – Ana disse. Era mentira. Claro que ela não tinha certeza, mas estava desconfiando que toda aquela amizade de Selton por Rafael era mesmo apenas amizade. Mas não achou importante revelar que suas suspeitas tinham se confirmado.

- Nem eu!

- Por isso, esse colchão ainda está do lado da sua cama? Ele dormiu aqui? O que vocês fizeram essa noite?

Rafael ficou um pouco envergonhado.

- Tudo.

- Tudo?

- Eh! Tudo!

- Vocês transaram?

- Transamos!

- Que isso!!! Vocês transaram?!

- Foi perfeito!

- Você é bem fácil também, hein?! Nem pra fazer um doce, segurar um pouco mais a onda! Logo na primeira ficada você já abre as pernas!

Rafael pegou o travesseiro da cama e bateu na amiga, deu várias pancadas nela. Era óbvio que os dois estavam apenas brincando.

- Você também abriria as pernas, se estivesse na mesma situação que eu!

Os dois riram até faltar ar nos pulmões.

- Mas espera aí, vocês usaram camisinha, né?

- Lógico! Não sou estúpido, nem ele!

- Que bom! Não acho que ele tenha alguma coisa, mas nunca se sabe, né?

- Também acho que não, mas ainda não é a hora de largar a camisinha de lado. Talvez mais pra frente.

- Como assim “mais pra frente”?

- Não tem contei o melhor!

- Ainda tem “o melhor”?!

- Ele me pediu em namoro.

O baque foi tão forte que Ana nem se atreveu a rir.

- Ele te pediu em namoro?

- Aham! Namoro!

- Onde o mundo foi parar?

- Não sei. Só sei que estamos namorando!

- Gente que evolução! Pra quem ontem estava se lamuriando por achar que nunca ia ficar com ele, de repente, fica, transa e agora estão namorando! Sua noite foi movimentada!

- Demais! A melhor noite da minha vida!!!

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